4 de maio de 2013


A História Social da Infância e da Família
 
O tratamento dado à criança, pela família e sociedade, tem sofrido profundas modificações durante a história, estando relacionado à visão política, social e econômica de cada etapa de vida em sociedade. Cada sociedade, em certo momento histórico, apresenta uma visão a respeito da infância e os direitos a ela conferida, bem como ao papel atribuído à família.
A visão sobre a infância varia amplamente: de centro das atenções do mundo adulto, quando considerada como um adulto em potencial, até o completo abandono à sua própria sorte. Segundo o autor, quanto mais se retorna ao princípio da história da humanidade, mais se encontram pais e sociedade pouco envolvidos com os cuidados de seus filhos.
Portanto, falar de família, envolve definições muito complexas e, quando se fala de criança na família, a complexidade torna-se maior à medida da necessidade de se discorrer sobre a trajetória histórica da convivência dessas duas realidades. As relações entre crianças e adultos foram se transformando ao longo da história. Durante muito tempo, a criança foi vista, como miniatura de adulto, passando por sucessivas mudanças, a partir do século XV.
Conforme Ferriani (1992), verifica-se que a infância, independentemente da classe social, era considerada uma fase bastante curta, pois assim que demonstravam condições de viverem sem os cuidados básicos maternos para sua sobrevivência, as crianças ingressavam no mundo dos adultos passando a ser consideradas iguais.
Dentro do contexto familiar, não era considerada importante, sendo, não raramente, considerada um verdadeiro transtorno. Ignoravam-se as etapas de crescimento e desenvolvimento infantil. Inexistia registro de nascimento, uma vez que era pouco significativa a idade real para identificar as pessoas.
O infanticídio ocorria freqüentemente nas famílias mais pobres da sociedade e na maioria das vezes de maneira acidental, quando, ao dormirem, os bebês morriam asfixiados na cama dos pais. Para essas famílias, o filho chegava a ser uma ameaça à própria sobrevivência dos pais sendo freqüentemente abandonado.
Até o início do século XVI, as crianças não eram diferenciadas dos adultos, não havendo preocupação social com essa fase do desenvolvimento do homem. Segundo Áries, a aprendizagem infantil era transmitida de uma geração à outra de forma direta, porém, as crianças de 7 a 9 anos de idade, de qualquer classe social, eram enviadas para casas alheias a fim de serem educadas.
Durante aproximadamente 7 a 9 anos passavam com famílias alheias, e, quando retornavam, eram totalmente estranhos à família. A partir da influência da eclesiásticos, as crianças passaram a serem consideradas com “anjos”. Com essa nova visão, instituiu-se a necessidade de proteção especial às mesmas, com o objetivo de protege-las do “perverso” mundo dos adultos. Esse pensar sobre a infância ganhou apoio dos moralistas, que se preocupavam, no momento, com o bem comum, com a saúde e com a moral social. Assiste-se dessa forma, profundas alterações, ocorridas durante o século XVI, marcadas por grandes mudanças de costumes, fruto da influência de religiosos e moralistas.
Quanto a área educacional, durante todo o século XVI, crianças e adultos eram educadas conjuntamente, não havendo separações entre as diferentes idades. A partir do século XVII, intensifica-se a preocupação em educar separadamente crianças e jovens, visando a transmissão de disciplina e o aperfeiçoamento espiritual e moral. Surgem, nessa época, os primeiros colégios, “instituições complexas de ensino, vigilância e enquadramento da juventude“. O internato de crianças passou a se tornar prática aceitável no final do século XVII, com a criação dos grandes colégios internos, para onde a burguesia levavam seus filhos, e com a instalação dos conventos onde as meninas se preparavam para o casamento, “ao abrigo de todas as tentações contrárias à virtude”.
Havia, portanto, até o início do século XVII, grande diferenciação entre a educação destinada as crianças do sexo masculino e as do sexo feminino, assim com destinada as famílias burguesas e as famílias operárias. Às meninas, cabia apenas uma educação visando a formação de donas de casa, sendo que somente no final do século foi criada a primeira instituição voltada para a educação feminina.
Do século XVII ao século XIX, as representações sociais sobre a infância, bem como a forma de lidar com os problemas do qual eram vítimas, se alteravam: de miniatura de adulto, exigindo dela responsabilidade de adulto, a caso de polícia, às tratando com objeto de tutela judicial.
Estudos realizados demonstram que parentesco não tem o mesmo significado que família. Embora ambos tratem de fatos básicos da vida, nascimento, acasalamento e morte, a família se distingui por ser um grupo social concreto, enquanto o parentesco é uma abstração, que resulta da combinação de três tipos de relações básicas: a relação de descendência (entre pais e filhos), a de consangüinidade (entre irmãos) e a de afinidade, que se dá pela aliança, através do casamento.
Qualquer que seja a sociedade, é formada pela combinação dessas três relações sendo que a variabilidade e diversidade, entre elas, está em como se faz essa combinação. Em algumas sociedades a descendência é matrilinear (que envolve descendência pela linha materna), em outras é bilateral (parentesco pela parte do pai e também da mãe simultaneamente).
Dessa forma, a família passa a ser entendida como uma instituição que não é natural e que assume configurações diversificadas nos distintos grupos sociais e na sociedade como um todo. Entendemos por isso que a família, até os dias de hoje, vem sofrendo diferentes mudanças quanto ao modelo familiar, o que se faz deduzir que a mutabilidade (instabilidade, volubilidade) é outra característica essencial do grupo familiar.
Bruschini (1993) dá ênfase a três funções do grupo familiar: a econômica porque a família é um grupo que divide o orçamento com entradas e saídas de dinheiro; a socializadora uma vez a família é um núcleo de procriação cuja função principal é a formação da personalidade e socialização primária da criança e a ideológica, realizada através da transmissão de hábitos, costumes, idéias e padrões de comportamento, e da internalização das normas sociais e da ideologia.
Outra definição sobre as funções da família é dada por Luiz Carlos Osório (1996: 1922). O autor divide tais funções em biológicas, psicológicas e sociais, sendo que nenhuma delas pode ser estudada isoladamente, uma vez que estão intrinsecamente relacionadas e confundem-se uma com as outras. Segundo Osório, a função psicossocial baseia-se no afeto dado pelos pais aos filhos. Sabe-se que esse alimento afetivo é de fundamental importância para a sobrevivência do ser humano. Com a privação deste afeto o ser humano não desenvolve-se adequadamente. Entre as funções sociais da família, encontra-se a transmissão da cultura e a apropriação do exercício da cidadania.
A família moderna, nuclear, que conhecemos hoje, composto por pai, mãe e filhos, só se consolidou a partir do século XVIII. Foi neste momento que a família passou a se organizar em torno da criança e a erguer entre ela mesma e a sociedade o muro da vida privada. Até então, para as mulheres de pobres, o filho constituía-se em um estorvo, uma vez que essa era obrigada a trabalhar. A única alternativa que dispunham era a de entregar seu filho para as amas, e muitas vezes não voltava para pegá-lo. Muitas dessas crianças morriam e outras eram abandonadas pelas amas em asilos próprios.
Com o surgimento do sistema de produção capitalista, percebe-se uma crescente preocupação com a infância, iniciando um movimento para mudar o conceito de amor materno. Acentua-se, ainda, a distinção na educação entre crianças pobres e ricas, onde os filhos de burgueses passam a freqüentar os liceus e colégios de educação secundária, e os filhos da classe operária a escola primária. O início dos tempos modernos é também marcado por uma divisão da população em classes sociais, tendo-se que anteriormente existia uma certa mistura e proximidade tanto entre as idades, como entre as condições de vida.
Verifica-se que a evolução do conceito de infância e família é também acompanhada pela evolução do conceito de classe. A configuração do lar operário da classe trabalhadora, no início da industrialização, não se limitava as atividades domésticas, devido as condições precárias de sobrevivência. A família, para sua sobrevivência, dependia muito do trabalho das crianças de ambos os sexos, e a socialização era feita mais no espaço da fábrica do que na casa.
Verifica-se que a mortalidade infantil, decorrente do abandono dos pais, se tornara oneroso para o Estado. O valor econômico do ser humano passa a ter grande importância para o Estado. “Um Estado só é poderoso na medida em que é povoado [...] em que braços que manufaturam e os que defendem são mais numerosos” (DIREROT, in BADINTER,1985, p.154).
A mentalidade quanto ao dever da família para com seus filhos, altera-se. À mãe passa a ser requerido os cuidados aos filhos, a quem deve amamentar e cuidar até que se tornem independentes.
É somente no século XX, que a criança deixa de ser misturada aos adultos e de aprender a vida em contato com eles, sendo inventada, então, uma condição especial: a infância. Legalmente, a criança só passa a ser considerada “pessoa” na segunda metade do século XX. No final do século XIX, surge um tipo de família na qual existe uma maior igualdade entre os sexos, a natalidade é mais controlada e o número de casamentos e de separações aumenta, porém, ainda é forte a dupla moral sexual. Os casamentos passam a ser efetivados a partir de escolhas individuais e as mulheres começam a entrar no mercado de trabalho. A partir do fim do século XIX e começo do XX a palavra “menor” aparece freqüentemente no vocabulário jurídico brasileiro. Antes dessa época, o uso da palavra não era tão comum e tinha significado restrito.

A criança e os direitos adquiridos no século XX
A especificidade da criança e a necessidade de se formular seus direitos, surgem no século XX, com os avanços das ciências médicas, jurídicas, pedagógicas, entre outras.
Em 1923, a Internacional Union for Child Welfare (organização não-governamental) estabelece os primeiros princípios dos Direitos da Criança. Tais princípios foram incorporados no ano seguinte pela Liga das Nações que, reunida em Genebra neste mesmo ano, constitui a Primeira Declaração dos Direitos da Criança:
  • A criança tem o direito de se desenvolver de maneira normal, material e espiritualmente.
  • A criança que tem fome deve ser alimentada; a criança doente deve ser tratada; a criança retardada deve ser encorajada; o órfão e o abandonado devem ser abrigados e protegidos.
  • A criança deve ser preparada para ganhar sua vida e deve ser protegida contra todo tipo de exploração.
  • A criança deve ser educada dentro do sentimento de que suas melhores qualidades devem ser postas a serviço de seus irmãos.
A ONU, por volta de 1946, visando concretizar ações em âmbito mundial em prol das crianças castigadas pela pobreza absoluta, cria um Fundo Internacional de Ajuda Emergencial à Infância Necessitada, sendo que em 11 de outubro de 1946, surge o Unicef-United Nations Internacional Child Emergency Found, com o objetivo de socorrer as crianças dos países pobres.
É criada em 1948, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, que aprova no mesmo ano, na data de 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, visando atingir todos os homens, valorizando a família e as aspirações sociais do povo e expressando uma ética garantindo a condição de verdadeiro cidadão a todos os homens.
Em 1959, as Nações Unidas proclamaram a Declaração Universal dos Direitos da Criança, onde a ONU reafirma a importância de se garantir a universidade, objetividade e igualdade na consideração de questões relativas aos direitos da criança, e enfatizando a importância de se intensificarem esforços nacionais para a promoção do respeito dos direitos da criança à sobrevivência, proteção, desenvolvimento e participação, sendo que o abuso de crianças deveria ser ativamente combatido atacando-se as suas causas.
Pela primeira vez na história, a criança passa a ser considerada, prioridade absoluta e sujeito de Direito. Em 1989, a Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos promove a Convenção da Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, sendo que até 1996 seus termos já haviam sido ratificados por 96% dos países, obrigando-se estes por lei, a tomar as medidas adequadas determinadas pela convenção.
A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, vem, deste então, procurando influenciar governantes de diversos países para observância dos direitos humanos da criança. Em 20 de novembro de 1989, através de 54 artigos, entre os quais, os que advogam o direito da criança de ser cuidada e manter contato com os pais, de preservar sua identidade; de ter liberdade de opinião, de informação, de pensamento, religião e associação; o direito de manter sua privacidade; o direito à saúde, à educação e à recreação ( WILCOX & NAIMARK, 1991, p. 49-51). Em seu artigo 19 coloca que:
A criança deve ser protegida contra todas as formas de violência física ou mental, abuso ou tratamento negligente, maus-tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, enquanto estiver sob a custódia dos pais, do representante legal ou de qualquer outra pessoa responsável por ela.
Com a convenção, o termo criança passa a ser adotado para qualquer pessoa com menos de 18 anos de idade (artigo 1), cujos melhores interesses devem ser considerados em todas as situações (artigo 3). A convenção estabelece ainda, artigos que visam proteger os direitos da criança, entre eles: o direito à sobrevivência, a um padrão de saúde, a expressão de seus pontos de vista, a receber informações, a ser registrada logo após o nascimento, a ter um nome e uma nacionalidade, a ter o direito de brincar, de receber proteção contra exploração e abuso sexual.

O tratamento dado à criança, pela família e sociedade, tem sofrido profundas modificações durante a história, estando relacionado à visão política, social e econômica de cada etapa de vida em sociedade. Cada sociedade, em certo momento histórico, apresenta uma visão a respeito da infância e os direitos a ela conferida, bem como ao papel atribuído à família.

A visão sobre a infância varia amplamente: de centro das atenções do mundo adulto, quando considerada como um adulto em potencial, até o completo abandono à sua própria sorte. Segundo o autor, quanto mais se retorna ao princípio da história da humanidade, mais se encontram pais e sociedade pouco envolvidos com os cuidados de seus filhos.

Portanto, falar de família, envolve definições muito complexas e, quando se fala de criança na família, a complexidade torna-se maior à medida da necessidade de se discorrer sobre a trajetória histórica da convivência dessas duas realidades. As relações entre crianças e adultos foram se transformando ao longo da história. Durante muito tempo, a criança foi vista, como miniatura de adulto, passando por sucessivas mudanças, a partir do século XV.

A trajetória da Educação Infantil no Brasil

http://youtu.be/StpeXn5lqio
Vídeo para os alunos do 2o Ano de Formação de Docentes
A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL

RESUMO
O objetivo deste artigo é permitir ao leitor uma visão do processo de instalação e reconhecimento da educação infantil no Brasil, enfocando-se as concepções assistencialista e compensatória da educação. Permite também que ao leitor uma compreensão do atual significado de infância e de criança na sociedade moderna.

PALAVRAS-CHAVE
Educação Infantil, educação assistencialista, educação compensatória, infância, criança cidadã

1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento da urbanização e transformação da família de patriarcal para nuclear é que se deu a construção de uma idéia de educação infantil.
As primeiras idéias de infância e educação infantil se baseavam na concepção de criança enquanto ser que precisava ser cuidado. As mães precisavam trabalhar fora para complementar a renda da família e necessitavam de um local para deixarem seus filhos.
Depois de muito tempo é que a educação infantil foi reconhecida como uma etapa importante na vida da criança e reconhecida por lei.
A idéia que se tem hoje de criança enquanto sujeito, demorou muitos anos até ser aceita na sociedade.
O presente artigo tem por objetivo discutir a trajetória da educação infantil no Brasil, destacando-se o caráter assistencialista, o caráter compensatório e a visão de infância predominante na sociedade atual.

2. DESENVOLVIMENTO
Há mais de cem anos já existia no Brasil iniciativas para a expansão da Educação Infantil. Porém, foi somente nas últimas décadas que ela foi reconhecida realmente.
Até o século XVII, a criança nem era reconhecida por suas particularidades. Ela era vista como um brinquedo, do qual os adultos só gostavam pelo prazer e distração que proporcionava. Quando crescia e não distraía mais os adultos, deixava de interessar aos mesmos. Foi somente a partir do século XVIII que os adultos começaram a modificar sua concepção de criança. Mas, assim mesmo, seu lugar ainda não era o mais privilegiado na família.
Com a Proclamação da República, o Brasil começou a passar por um processo de grande modernização e industrialização. As mulheres passaram a fazer parte do mercado de trabalho e as crianças não tinham para onde ir.
Surgiram então as “mães mercenárias”, que cuidavam de várias crianças juntas para suas mães trabalharem fora. Nesse período, aumentou-se o número de mortalidade infantil devido às péssimas condições de higiene nas casas onde as crianças ficavam e também à ausência da mãe, que tornava a criança mais triste e vulnerável.
Foi nesse contexto que surgiram as primeiras creches e pré-escolas. No começo elas eram filantrópicas ou mantidas pelos próprios usuários e, somente mais tarde, elas se tornaram públicas.
A princípio, as creches e pré-escolas tinham um caráter assistencialista, visando somente o guardar e o cuidar da criança na falta da família. Essa concepção, tratava a criança como um ser frágil, indefeso e completamente dependente. Os profissionais não tinham formação e sua atuação era restrita aos cuidados básicos de higiene e regras de bom comportamento.
A partir de 1970, a entrada de mulheres no mercado de trabalho aumentou consideravelmente, o que resultou num crescimento significativo de creches e pré-escolas. Uma nova ênfase começou a ser dada ao trabalho nestas instituições. Buscou-se uma compensação não só das carências orgânicas, como também uma carência de ordem cultural. O pressuposto nesta visão compensatória da educação era de que o atendimento pré-escolar poderia remediar as carências das crianças mais pobres.
As propostas de trabalho foram direcionadas para as crianças de baixa renda, estimulando-as precocemente e preparando-as para a alfabetização, como forma de superar as condições sociais em que viviam. O objetivo principal da educação compensatória era o de promover oportunidades educacionais no caráter social e cultural compensando-se o déficit linguístico das crianças. As crianças mais pobres eram consideradas carentes.
Já nos jardins-de-infância das crianças provenientes de famílias de classe média, a educação não tinha o mesmo caráter compensatório. O trabalho envolvia também o desenvolvimento dos aspectos afetivos e cognitivos das crianças.
Com o aumento da demanda por pré-escolas, a educação infantil passou por um processo de municipalização. O caráter da educação agora não era mais assistencialista ou compensatório, mas a pré-escola tinha uma função educativa. Muitos educadores da época discutiram o papel das creches e pré-escolas e elaboraram novas programações pedagógicas visando o desenvolvimento cognitivo e lingüístico.
Em 1988, com a promulgação da Constituição Federal, a educação foi reconhecida como um direito de todas as crianças e um dever do Estado. Houve uma expansão do número de escolas e uma melhoria na formação dos profissionais.
Também na década de 90, com a promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), os direitos das crianças foram concretizados.
E, finalmente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB de 1986, a educação infantil é reconhecida como etapa inicial da educação básica. A educação infantil passa a ser vista por um novo ângulo, valorizando-se a criança e a sua cultura, considerando-a ativa e capaz de construir o seu próprio conhecimento. O professor passa a assumir um novo papel, o de mediador entre a criança e o mundo. A família é co-participante do processo de ensino-aprendizagem. Os conteúdos são desenvolvidos de maneira lúdica, respeitando-se a bagagem cultural de cada um. Foi criado, inclusive, um Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, de maneira a levar a todas as escolas novas propostas pedagógicas diretamente voltadas para a criança tal como ela é.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A infância é algo que está em construção permanente. Ela nunca foi sempre igual. Variou durante toda a história. Ela deixou de ser objeto apenas de cuidados maternos para ser objeto dos deveres públicos do governo.
Durante muito tempo, a criança não foi considerada como um sujeito de direitos. Ela vivia à margem da família e da sociedade. Hoje, ela já é considerada como alguém que tem identidade própria, um cidadão de diretos.
Enquanto educador da infância, o professor precisa ter consciência do seu trabalho enquanto uma função também social. É preciso valorizar a infância como ela é e conhecer suas diferentes fases de maneira a oferecer uma educação adequada e compatível com a criança.
A pré-escola não pode ser mais considerada como um lugar de cuidados básicos de higiene e boa educação, ou como um curso preparatório para o ingresso no ensino fundamental. A escola, inclusive a de educação infantil, deve preparar o aluno para ser um cidadão participativo e consciente na sociedade onde vive.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BADINTER, Elisabeth. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
BARRETO, Angela Maria Rabelo Ferreira. Situação atual da educação infantil no Brasil. In: MEC/CEF. Subsídios para reconhecimento e funcionamento da educação infantil. Brasília, 1998.
Autor: Sandra Mara Cardoso Martins