3o Ano_Form de Docentes-Educação, ensino e aprendizagem: uma abordagem teórica.
Educação, ensino e aprendizagem: uma abordagem teórica.
O estudo aqui apresentado pretende discorrer em torno dos conceitos formulados por diversos teóricos ao longo da história da educação. Entre eles: Sócrates, Platão, Aristóteles, Karl Marx, Maria Montessori, Henri Wallon, Edgar Morin, Pierre Bourdieu e Emília Ferreiro.
Compreender tais conceitos é o meio pelo qual se busca adquirir base, para fundamentar o trabalho docente no sentido de descobrir maneiras eficientes que garantam uma educação de qualidade aos seus educandos.
As teorias dos grandes pensadores podem ajudar a refletir cada vez mais sobre o ato de educar no dia-a-dia de cada professor.
Por trás do trabalho de cada educador, em qualquer parte do mundo, estão incutidos séculos de reflexões sobre a arte de educar.
A preocupação com o ato de educar não é um assunto nascido na contemporaneidade. Já nos anos entre 469 a 399 a.C, o filósofo grego Sócrates, contrariando a filosofia que procurava explicar o mundo baseada na observação da natureza, defendia a tese de que o ser humano deveria conhecer a si mesmo. Tendo como preocupação, levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Valorizava o diálogo como processo de investigação, pois acreditava que a aprendizagem deveria começar a partir da educação do corpo, que por sua vez, permite controlar o físico. Para ele ficaria em segundo plano a educação do espírito por se basear em princípios mutáveis.
Por volta dos anos 427 a 347 a.C, surge Platão como sucessor de Sócrates, o seu pensamento, o consagrou como o primeiro pedagogo. Tinha a formação do homem moral, como objetivo final da educação, assim como, a defesa de um estado justo para acolher cada indivíduo. Sua pedagogia se aproxima da sua própria filosofia, onde a busca da verdade é mais importante que a busca dos dogmas incontestáveis. Defendeu a idéia de que professor ou aluno pensem sobre si próprios.
Aristóteles, por sua vez, cuja teoria foi dos anos 384 a 322 a.C, indiretamente teve grande importância na educação. Acreditava que a educação era o caminho para uma vida pública, cabendo a ela a formação do caráter do aluno. Via virtude como modo de educar para viver bem prazerosamente. Tinha o Estado como o único responsável pelo ensino. Defendia a idéia de que a criança aprende com o ato de imitar os bons hábitos do adulto. Para ele o ser humano só será feliz se der sua melhor contribuição ao mundo, se desfrutar suas condições necessárias para desenvolver os talentos.
Entrando na era cristã, pode-se contar com o pensamento de Santo Agostinho (354-430), São Tomás de Aquino (1224-1274) e Martinho Lutero (1483-1546), que mesmo não enfatizando aqui as suas teorias, reconhece-se que apesar de estarem voltadas exclusivamente para dogmas religiosos, tiveram grande importância para a história da educação e a influenciaram por séculos.
Nesta linha de estudos, parte-se para a teoria daquele que foi considerado o filósofo da revolução, Karl Marx (1818-1883), que acreditava que a função social da educação seria combater a alienação e a desumanização. Entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo, intelectual, física e técnica. Defendia um ensino de cunho transformador e alertava para o risco da escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretação de partidos ou classes.
O pensamento feminino também se transformou em teoria e contribuiu grandemente na formação da visão pedagógica em especial na educação infantil. Maria Montessori (1870-1952), acreditava que a educação era uma conquista da criança, partindo da concepção de que já nascemos com a capacidade de ensina a nós mesmos, desde que nos seja dado as condições. Seu método parte do concreto para o abstrato. Baseia-se na observação de que as crianças aprendem melhor pela experiência direta da procura e descoberta. Desta forma, conduzir-se-ão ao próprio aprendizado, cabendo ao professor acompanhar o processo e detectar o modo particular de cada um manifestar seu potencial.
Nesta mesma época, surge a teoria de Henri Wallon (1879-1962), cujo pensamento parte de uma educação mais humanizada e que considera a pessoa como um todo. Fundamenta suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: A afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Para ele, a aprendizagem depende essencialmente de como cada um faz as diferenciações com a realidade exterior.
Na atualidade destacam-se as idéias do sociólogo Edgar Morin que propõe a religação dos saberes com novas concepções sobre o conhecimento e a educação, propondo um conceito de complexidade. Ele se opõe ao pensamento que distingue e que fragmenta os conhecimentos. Tem como meta a transdisciplinaridade, que possibilita ao educador uma nova postura diante da realidade necessária para uma prática pedagógica libertadora.
Pierre Bourdieu (1930-2002), por sua vez, vê a escola como reprodutora de valores, reforçando as desigualdades sociais. Ela é marcada pelo caráter de classes desde sua organização pedagógica até a forma como prepara o futuro dos alunos. Nesse sentido, a escola deixa de ter caráter transformador.
Para fechar o estudo, buscou-se enveredar pela teoria da argentina Emilia Ferreiro, que se tornou referência para o ensino no Brasil, integrando-se ao construtivismo, campo de estudo inaugurado por Jean Piaget (1896-1980). Em sua teoria as crianças têm papel ativo em seu próprio conhecimento. Segundo Emilia Ferreiro (1982), a construção do conhecimento e da escrita, tem uma lógica individual, embora aberta à interação social dentro ou fora da escola.
Considera-se a partir deste ensaio, que os estudos voltados para a educação existem desde muito antes de existirem escolas. Remetendo-se aos primeiros filósofos, Sócrates, Platão e Aristóteles, pode-se fundamentar esta constatação.
Percebe-se ainda que as teorias aqui estudadas, mesmo não tendo em sua origem a pretensão, elas norteiam a ação profissional e de algum modo contribuem para as transformações da prática docente, de acordo com as mudanças que surgem no decorrer dos tempos.
Pôde-se perceber ainda, que todas as teorias nasceram da observação das atitudes de cada indivíduo, da maneira como cada um se desenvolve e se relaciona com o meio, para a partir daí serem criados os mecanismos de ensino.
Mesmo não tendo um conhecimento profundo das obras dos autores citados os profissionais da educação trabalham sob suas influências incorporando-as em suas práticas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CUNHA, Marcos Vinicius da. Psicologia da Educação.-4 ed. –Rio de Janeiro: Lamparina,2008.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. 284 p.
GOULART, Iris Barbosa. Psicologia da Educação: Fundamentos Teóricos Aplicações à Prática Pedagógica. 13 ed. Ed. Vozes, Petrópolis, RJ. 2007.
NOVA ESCOLA, Revista. Grandes Pensadores, ed. Especial nº 19, São Paulo. SP, julho 2008
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional, 17ª ed. Ática. São Paulo, SP. 2006
SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar: o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis. RJ: ed. 12ª . Vozes, 2005.
Créditos
Por: Maricelma almeida chaves
Ester de Santana Molina
Laudecir Monteiro Pimenta
Maricelma Almeida Chaves
Marivania Xaves Almeida
Solange Telles Araújo
Valdenei Tavares Caranha
Judite Filgueiras Rodrigues
1)-Pode haver ensino sem que haja aprendizagem?
Para que o processo de ensino e suas relações sejam eficientes é necessário conhecer esse processo, integrando as relações para compreender a educação e o ensino como um todo sistemático intencional, visto que um não existe sem o outro. O ensino e a aprendizagem são processos intencionais, dirigidos e orientados para atingir objetivos e finalidades. O ensino não se faz sem a aprendizagem, apesar de apresentarem caráter e sujeitos da ação diferentes(professor/aluno). Este processo de ensino-aprendizagem só é significativo quando correspondem aos objetivos e finalidades da educação e às necessidades e interesses dos sujeitos envolvidos.
Outro processo de suma importância para o ensino-aprendizagem, é a relação entre ensino e pesquisa, compreendida como a necessidade da buscar conhecer o “não-conhecido” como forma de construção do conhecimento do professor e, consequentemente, do aluno, uma vez que o professor pesquisador vai procurar sempre adequar o ensino à clientela, refletindo não só sobre esta, mas, sobre todo o contexto escolar e social.
Créditos a Ieda Sande
2)Pode haver ensino sem que haja educação?
Educação e ensino não são palavras sinônimas, mas uma não exclui a outra.
A educação é um processo de socialização e aprendizagem encaminhada ao desenvolvimento intelectual e ética de uma pessoa.
Quando esse processo de socialização e aprendizagem se dá nas escolas, dizemos que há ensino.
O ensino, portanto, é tarefa preponderante das instituições de ensino, que trabalharão, no
processo de formação escolar, com alunos, professores, conhecimentos e métodos.
A Lei Federal 9.394, mais conhecida como Lei e Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), disciplina os conceitos educação e ensino. A terminologia foi alterada em se tratando dos níveis de ensino. Fala-se em educação infantil e em educação superior, mas em ensino fundamental e ensino médio com finalidades bem específicas para cada um dos níveis.
Cremos, em todo caso, que pelo conteúdo da norma constitucional, o termo mais adequado para o artigo 206 deva ser educação e não ensino. Portanto, o ideal é que a Constituição fizesse referência
a princípios de educação, isto é, de forma mais abrangente. Sem embargo, como todo ensino tem
por fim a educação, assim são enumerados os princípios de ensino:
a) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
c) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
d) gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
e) valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público
de provas e títulos
f) gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
g) Garantia de padrão de qualidade.
Mas o que são princípios do ensino?
No âmbito do artigo 206, poderemos considerar os princípios como sendo os enunciados básicos, previstos em cada um dos incisos, que compreendem e contemplam uma série de situações e demandas no âmbito educacional, resultando mais gerais que as normas constitucionais já que, precisamente, servem para inspirá-las e entendê-las.
Em substância: Os princípios de ensino constituem uma espécie de cimento de toda a estrutura jurídico-normativa da educação nacional.
(Créditos a Vicente Martins)Professor Assistente de Língua Portuguesa e Lingüística dos Cursos de Letras e Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Graduado e pós-graduado em Letras pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) com mestrado em Educação e área de concentração em política educacional, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Coordena, desde 1995, o Núcleo de Estudos Lingüísticos e Sociais(NELSO/UVA).
PODE HAVER APRENDIZAGEM SEM QUE HAJA EDUCAÇÃO?
Ensinar e aprender: duas coisas diferentes - 31/03/2008
Tradução: Beatriz Cannabrava
Aprender são duas coisas diferentes.
Parece óbvio, mas não é.
Na prática, está muito arraigada a idéia de que ensinar e aprender são a mesma coisa. Que basta que alguém ensine para que outro aprenda. O professor, diante do aluno que admite que não sabe ou não entende, responde quase sem pensar:
- "Mas eu já ensinei isso!"
E se o aluno responde:
- "Mas eu não aprendi".
O professor pode até entender isso como uma incoerência, algo sem sentido e até como uma insolência, não como uma possibilidade real, como uma defasagem perfeitamente normal dentro de todo processo de conhecimento que envolve uma relação ensino-aprendizagem.
A própria expressão ensino-aprendizagem, tão repetida e utilizada na Pedagogia tem contribuído, sem dúvida, para favorecer e alimentar a confusão, criando a imagem (fonética e visual) de que os dois termos constituem uma unidade inseparável, dividida apenas por um minúsculo hífen. Mas a realidade nos indica que não existe essa unidade inseparável e que no meio há algo maior e mais grave que um hífen.
Porque a verdade é que pode haver ensino sem aprendizagem como também pode haver aprendizagem sem ensino.
Um professor pode ensinar as propriedades da soma e nenhum de seus alunos aprender o que ele ensina. Da mesma forma, um aluno pode aprender as propriedades da soma sem que ninguém tenha ensinado, pegando um livro e estudando por conta própria.
Ensinar e aprender são processos diferentes que envolvem sujeitos também diferentes: um educador e um educando.
Ensinar e aprender, por envolver processos e sujeitos diferentes, supõe também métodos diferentes: os mecanismos e estratégias que o professor utiliza para desenvolver a lição de História são diferentes daqueles que o estudante utiliza para aprender essa mesma lição.
O estudante vai recorrer, por exemplo, a associações com nomes ou episódios conhecidos ou vivenciados, enquanto que o professor estará se preocupando em reconstituir os autores consultados, buscar uma relação entre os acontecimentos, encontrar exemplos, etc.
A situação de ensinar sem que isso se traduza em aprendizagem efetiva é bastante comum e, de fato, acontece todo dia no sistema educativo. Se todo ensino se traduzisse automaticamente em aprendizagem todos os nossos estudantes seriam gênios.
O problema é que os professores ensinam, mas os alunos não aprendem.
O problema é que existe uma grande brecha e um grande desperdício entre a abundante informação que se ensina no sistema educativo e a informação que é efetivamente registrada, processada e aprendida pelos estudantes.
Uma margem razoável de desperdício de informação é inevitável em todo processo educativo.
Falta de motivação, de interesse, de atenção, de concentração, de compreensão, etc., impedem que o conhecimento seja registrado e fixado. Por outro lado, existem mecanismos naturais de seleção: nem tudo interessa a todos, nem da mesma maneira, motivo pelo qual cada um seleciona e prioriza a informação que recebe.
Por assumir que ensinar equivale a aprender, a educação tem se centrado tradicionalmente no ponto de vista do ensino, tirando a partir daí conclusões sobre a aprendizagem.
A Pedagogia, o debate metodológico tem girado fundamentalmente em torno aos métodos de ensino e não de aprendizagem, dando por sentado que os métodos de ensino coincidem com os métodos de aprendizagem.
Hoje, os novos ventos educativos estão finalmente fixando sua atenção na aprendizagem, ou seja, no ponto de vista do aluno. Esse fato marca uma mudança radical na pedagogia.
O objetivo final da educação é a aprendizagem e é a partir dela que se avalia o aluno, o professor e o sistema.
O que importa é que os alunos aprendam, não que os professores ensinem. Nessa perspectiva, o bom professor não é o que ensina muitas coisas, mas sim aquele que consegue que seus alunos aprendam efetivamente aquilo que ensina.
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